Estatuazinha de Gesso
“Esta minha estatuazinha de gesso, quando nova– O gesso muito branco, as linhas muito puras –
Mal sugeria imagem de vida
(embora a figura chorasse).
Há muitos anos tenho-a comigo.
O tempo envelheceu-a, carcomeu-a, manchou-a de pátina
amarelo-suja.
Os meus olhos de tanto a olharem,
Impregnaram-na da minha humanidade irônica de tísico.
Um dia mão estúpida
Inadvertidamente a derrubou e partiu.
Então ajoelhei com raiva, recolhi aqueles tristes fragmentos,
Recompus a figurinha que chorava.
E o tempo sobre as feridas escureceu ainda mais o sujo
mordente de pátina...
Hoje esse gessozinho comercial
É tocante e vive, e me fez agora refletir
Que só é verdadeiramente vivo o que já sofreu.”
Foi uma referencia a esse poema do Manuel Bandeira minha resposta ao Prof. Martinez quando ele me perguntou sobre Budapeste. Porque é assim que eu sinto a cidade: ao mesmo tempo em que traz consigo uma imponencia que a fez receber o apelido de "Pérola do Danúbio", traz consigo também tantas marcas de tempos difíceis que, por sua vez, fazem com que ela seja mais humana, mais real. Budapeste é como a estatuazinha quebrada, eu tentei dizer ao meu professor, meses atrás.
Hoje recebo um presente de minha colega de quarto. Um artigo: In Praise of Broken Cities, escrito por um professor americano, Michael Blumenthal, e foi como se eu lesse meus pensamentos em ingles...
2 Comments:
Deve ser por isso que eu gosto tanto da coroa com a cruzinha tombada...
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