csütörtök, szeptember 08, 2005

História de Amor

Foi com essa carta de apresentacao abaixo que eu me candidatei a uma bolsa de estudos para Hungarologia, no comeco do ano. Junto com ela, uma cartinha muito gentil do Professor de Latim mais importante do mundo, uma outra do Embaixador do Brasil aqui na Hungria, outra da tanárnő que me deu aula este semestre e toda a esperanca possível de poder estudar literatura húngara, e a música, e a história, e a etnografia, e até discutir metodologia do ensino do húngaro como língua estrangeira e, enfim, conhecer tudo, tudo que fosse "hu".

Eu amava tanto esse lugar, tinha vindo pra cá com o coracao tao aberto cheio de "szeretleks" que quando, em Maio, veio uma resposta negativa - nem, nem szabad itt tanulni! - eu fiquei triste demais, como sempre acontece quando o ser amado diz "nao" pra gente. E eu nao entendi o porque, e chorei no villamos, e quase maldisse o Duna, quase levantei a voz com o país que tinha me dito assim, claramente, sem nenhum tipo de cerimonia, que nao queria que eu desvendasse os seus segredos.

A história tinha virado amor platonico. Eu amava quem nem ligava pra mim e, como um instinto de sobrevivencia, veio a negacao. Quase parei de ir nas aulas, arranjei um monte de alunos de portugues e passava o dia ensinando a eles a minha língua. De manha até a noite eu mostrava aos húngaros o Brasil, como uma revanche de namorada machucada que nao sabe bem o que fazer.

Passei 5 meses falando portugues e ganhando milhares de forints porque nao tinha mais pressa de aprender o húngaro, já que nao seria possível estudar em Setembro o que eu queria. Até que ontem eu recebo a notícia de que, sim, foi tudo um mal entendido e que, sim, eu tinha conseguido a bolsa de estudos! E foi como se a Hungria dissesse, através dessas palavras da secretária da escola, que eu era bem-vinda aqui, sim, e que eu poderia me aventurar nos seus segredos, sim.

Por isso agora - e só agora - eu escrevo esse blog. Agora eu tenho permissao pra isso, agora eu posso fazer minha homenagem a Hungria, posso dissertar sobre ela, posso publicar todas as declaracoes possíveis porque é como se a história tivesse virado amor correspondido. E isso faz toda a diferenca.

4 Comments:

At csütörtök, szeptember 15, 2005 4:23:00 de., Anonymous Névtelen said...

Érico Veríssimo tinha razão quando disse para sua comadre Clarisse Lispector, que quanto mais íntimas as pessoas, mais difícil é escrever para elas. Por isso, não repare na minha mudez.
Bem vinda ao seu sonho, filha!

 
At csütörtök, szeptember 15, 2005 8:06:00 de., Anonymous Névtelen said...

Tal mae, tal filha! :-)
(Ou seria "tal filha, tal mae"?)

 
At szerda, szeptember 28, 2005 6:12:00 de., Anonymous Névtelen said...

E não há nada tão ruim como amor platônico...
Muito boa sorte, Anna. Toda a imensa sorte que o mundo pode dar.
Csók, Raul...

 
At szerda, szeptember 28, 2005 3:46:00 du., Anonymous Névtelen said...

Oi, Raul!! Bem-vindo!! :-)

 

Megjegyzés küldése

<< Home