szerda, szeptember 07, 2005

Carta de Apresentacao

Balassi Bálint Intézet
Budapeste


Prezada Diretoria,

há nao muito tempo eu pensava poder prever meu futuro e nao era difícil me imaginar como professora de Latim pelos próximos anos. Gostava de estudar os Clássicos e a minha relacao com os alunos era boa. Estava feliz e tudo andava perfeitamente como o planejado. Até que, um dia, li um romance escrito por Chico Buarque, Budapeste e, através dele, tive contato com a Hungria e com a língua húngara. Quando fechei o livro, já estava fascinada pela idéia de conhecer um pouco mais esse país e essa língua cheia de consoantes.

Foi difícil encontrar um livro didático de húngaro na minha cidade e, quando o encontrei, tive que concordar com Buarque que esta língua só se aprende com a ajuda de um professor. Mas nao consegui achar ninguém que pudesse me dar aula. Nem mesmo o consul honorário, Sr. Farkasvölgyi István, pôde indicar alguém que pudesse me ajudar. Comecei a estudar sozinha e me deparei com artigos escritos por Guimarães Rosa, Paulo Rónai e Paulo Schiller sobre a complexidade e as diferencas estruturais entre o húngaro e o portugues que só fizeram com que se agucasse a minha curiosidade de linguista sobre o assunto. Ao mesmo tempo, li todos os autores húngaros que encontrei traduzidos para o portugues - Molnár Ferenc, Krúdy Gyula, Kosztolányi Dezső, Örkény István, Karinthy Frigyes, Ady Endre, Márai Sándor... – e, dessa forma, através de sua literatura, descobria mais um pouco sobre um país sofrido e intrigante.

Sem que eu percebesse, a brincadeira tinha ficado séria demais e crescia a cada dia a vontade de ver com meus próprios olhos as belezas e os mistérios da Hungria. A vontade foi tanta e tao verdadeira que, no verão passado, passei tres semanas em solo húngaro. Três semanas que me pareceram curtas demais. Ainda havia muito o que estudar e conhecer por aqui.

No outono, tive que decidir: começar meus estudos de Mestrado e renovar meu contrato com a universidade ou vir para a Hungria estudar esta língua tao diferente e única? Escolhida a segunda opçao, matriculei-me no curso de língua do Balassi Bálint Intézet, onde tive contato com estudantes de Hungarologia, curso este que me chamou muito a atencao. Foi com muita alegria que soube existirem bolsas de estudo para tal curso. É certo que nao posso pagá-lo neste momento mas caso seja agraciada com estas aulas, comprometo-me, num futuro breve, retribuir o tempo e capital em mim investidos. Será com imenso prazer que usarei meus conhecimentos linguísticos para contribuir para que mais belezas escritas nesse idioma tao solitário sejam também conhecidas no Brasil. Um país tao rico e com tanta coisa a dizer, como a Hungria, deve ter mais ouvidos atentos pelo mundo dispostos a espalhar esses „segredos”.

A Universidade de Sao Paulo tem, em sua Faculdade de Letras, o curso de Húngaro; a comunidade húngara da capital paulista é grande; acredito que nao será difícil encontrar trabalho, ajuda ou oportunidade para espargir a cultura húngara em minha volta ao Brasil. Tenho comigo imensa vontade de estudar e de trabalhar com esse tema. O que eu preciso agora é de incentivo e de credibilidade junto as instituicoes húngaras para que, num futuro próximo, eu seja capaz de colocar em prática as minhas idéias. Com carinho, seriedade e dedicacao.

Cordialmente,

Budapeste, 21 de Abril de 2005.

2 Comments:

At szerda, szeptember 14, 2005 1:46:00 de., Anonymous Névtelen said...

Com uma carta dessas, é claro que a bolsa seria sua, de um jeito ou de outro. Tenho o maior orgulho da minha sobrinha escritora! Beijos. Tia Ana

 
At szerda, szeptember 21, 2005 8:04:00 du., Anonymous Névtelen said...

Tia Ana! :-)
A bolsa foi minha mas me avisaram isso tres dias antes das aulas comecarem... Fico pensando que se tivessem me dado essa notícia antes eu nao teria dado tantas aulas de portugues, só falado portugues nos últimos 5 meses, e agora poderia aproveitar mais do curso... Enfim... mesmo assim eu nao posso reclamar muito nao, né? :-)

 

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